Não fique triste, cante. Não chore, dance. A vida é um balé, sorria. Tudo vale a pena, os mares e as luas. Sofrimentos nos fazem velejar, chorar. A vida pede ousadia, pois somos a fatia do bolo doce, amargo. Viver é se envenenar na cura da alma. Dias turvos, nublados, claros, fantásticos. Saia da tristeza, e vá ao mercado, andar, ao parque. O tédio é uma ferida aberta, bicheira. Regue seu jardim. Regue sua vida. Regue seus dias. O amor a tudo faz brotar, à pedra faz florir. O amor faz brotar na seca, sobre a pedra faz nascer. O amor é flor, e espinho. Gosto de ser iludido pela vida, satisfaz-me. Gosto, quando a vida me engana, adoro. Meu corpo anda leve feito folha ao vento e ao tempo. Gosto do ambiente do bar, cachaça e felicidade, mas ao hospital vou por obrigação, é o fim. Quero estragar a vida em alegrias. O coração bate, preciso viver. A carne pede, preciso beber. Meus amigos gostam de cigarro, futebol e cachaça, odeiam política. São tarados por jogos apostados, baralho. O coração feito riacho a terra invade. Cicatrizes na carne é arte. Enquanto houverem bares, haverão flores nos lábios. O corpo é o prato dos desejos, ingrato. Só tenho uma colher, apetite e um pranto, o resto que me resta é só viagem.
Neto Karnissa