Na balança da eternidade
Viva e seja manso de coração, pois o mundo nos antecede e se prorroga além de nós, sendo assim, não podemos abarcar a realidade na sua totalidade, na sua integralidade, mas somente em parte, muito pequena, ínfima, pois ela nos absorve, e nos totaliza.
Então, não julgueis para não seres julgados, pois o Cosmos tem um dono, um único dono, e ele nos mostrou o caminho da vida eterna quando o verbo se fez carne, e só nos pediu que amássemos a Deus e ao próximo. Tudo que for além disso é pecado. Foi ele quem deu vida ao joio e ao trigo. Foi ele quem criou a árvore do bem e do mal. Tudo está sob o seu comando. Nada pode escapar ao seu controle.
O amor nos faz brotar no âmago da lama, mas o ódio nos aniquila na superfície da carne. O amor é fértil, e faz florar a vida, mas o rancor arranca a raiz e faz seca a carne. O amor é mais forte do que a morte. Só o amor tem palavras de vida eterna, pois a mágoa amarga no céu da boca. Na hora do inventário das nossas vidas não entrarão, nos pratos da balança, os bens materiais – carro, móveis e imóveis… Mas, somente, os tesouros do céu – caridade, bondade, perdão… O mal e o bem que foram praticados.
Os bens tangíveis serão entregues às traças, à ferrugem e ao ladrão, mas os bens intangíveis, que nem a traça, nem a ferrugem e nem o ladrão penetram, serão as medidas divinas. Deixem a arrogância de lado, pois somos só futuros defuntos, mortos e morte, pensando ser eternos.

Foto: @profvhb
Antônio Sampaio Neto (Neto Karnissa).